Ver Jesus

Estamos as portas da Grande Semana, isto é, a Semana Santa. Neste quinto domingo encontramos três palavras que nos ajudarão a caminhar até Jerusalém:
Primeira é a Nova Aliança;
Segunda é a Oblação, isto é, o ofertar-se de si mesmo;
E a terceira, queremos ver Jesus.
O profeta Jeremias neste domingo nos fala de uma promessa, dizendo que Deus irá fazer uma nova e eterna aliança, não mais aquela aliança que ele fez na saída do Egito, e sim uma aliança que será escrita no coração de cada ser humano.
Esta aliança não é a mais o sangue do cordeiro, mas o sangue do próprio filho de Deus para salvar a humanidade e seus pecados. A aliança não pode ser só de um lado, tem que ter os dois lados. Este é o entendimento de aliança no olhar humano , porque para Deus a aliança não somente isso, significa muito mais.
A Aliança não é do homem para com Deus, mas de Deus para com homem, mesmo que o homem seja infiel Deus se mantém fiel a sua aliança.
A oblação é a entrega total e obediente à vontade de Deus, é o que nos fala a carta aos Hebreus: “Que Cristo foi obediente à Deus até sua morte na cruz”.
Ofertar a própria vida é dar vida à alguém, é dar seu próprio sangue para que outrem tenha vida, por isso, no evangelho deste domingo o Senhor Jesus nos fala, que se o grão de trigo que cai na terra não morre ele continua só um grão de trigo; mas se morre então produz muito fruto.
Olhando para nós, será que estamos ofertando, nos entregando até a morte para que o nosso próximo tenha vida.
Uma vida que não sabe entregar-se por outra vida, não sabe o que é vida. A vida que não sabe o que é renúncia, sacrifício, dor e até mesmo a morte, está é uma vida que ainda não conheceu Deus, porque, a vida de Deus é esta Nova e eterna aliança, é morrer para salvar, mesmo por aqueles que tenham errado na estrada da vida. Conhecemos vários exemplos de pessoas que deram sua vida para salvar outro.
Estes dias mesmo no estado de Pernambuco ouvimos falar de um padre que viu a mãe e o filho se afogando, ele pulou na água e salvou ambos, no entanto, acabou se afogando ao pensar somente em salvar aquelas vidas. Este filho e esta mãe não eram nada do padre, mas ele não hesitou , a única coisa que ele pensou foi em salvar aquelas vidas.

Será que nós estamos arriscando a nossa vida para salvar outras vidas?

Podemos afirmar que SIM, principalmente neste tempo de pandemia, e na oportunidade vai o nosso muito obrigado aqueles que se arriscam em cada hospital, em cada área da saúde para dar a vida a quem está infectado, está ação caracteriza-se como Oblação, isto é , ofertar-se de si ao outro.
Ah, não posso esquecer dos tantos paroquianos que neste período, partilham seus alimentos na Pastoral Social para salvar vidas de crianças, famílias e pessoas idosas que estão sobrevivendo desta oferta.

A última palavra deste domingo é “queremos ver Jesus”.

Este é um pedido dos Gregos que tinham subido à Jerusalém , e dois dos apóstolos se combinam para levar estes até Jesus. Eles o conhecem, mas o próprio Jesus vai dizer, que se nos queremos vê-lo temos que olhar para Cruz, isto é, iremos reconhecê-lo em cada atitude que represente vida ao mundo.
É na Cruz de Cristo que está a nova e eterna aliança, a Cruz de Cristo é onde ele é glorificado por ter entregue obediência a sua vida para salvar a todos aqueles que lhe obedecem.
Muitas vezes nós queremos ver Jesus somente nos momentos felizes de glória, aplausos, elogios, mas o melhor lugar de ver Jesus é na hora da Cruz, como eu vivo o meu ofertório?

Eu consigo ver Jesus nas horas que as cruzes chegam a minha porta? Será que eu vejo Jesus na hora da morte?
Será que eu vejo Jesus no grito do pedido de socorro de salvação?
Será que estou vendo JESUS em cada pessoa que sofre por causa desta pandemia?

Todos nós queremos ver Jesus, este é o caminho: vê-lo na cruz, reconhecê-lo no grito de cada pessoa, que por estes dias pedem por um respirador, no grito de quem quer mais vacinas.
Triste de que diz que isto é idiotice, ou, de quem grita , é um imbecil, quem assim afirma ou zomba , é porque não quer ver Jesus na Cruz pedindo socorro com respirador, ou, vacina para alguém da sua família.

Estas três palavras nos conduziram à Jerusalém para acolher a Nova Aliança, ofertar nossa vida como Cristo ofertou e reconhecer Jesus a cada Cruz do nosso tempo, sem esquecer que não podemos deixar de olhar para cruz.
Há um tempo atrás, alguém dizia que precisamos tirar os pobres da Cruz , mas se tiramos os pobres, ou, quem quer que seja, é tirar do caminho de Jesus , porque o caminho de Jesus é:
“Se alguém quer me servir renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga”.

Não há vida sem cruz, não há felicidade sem cruz, quem procura uma vida sem cruz ainda não conhece Jesus , porque a vida só é vivida quem se faz ofertório na vida de alguém.
Amém.